Saturday, July 28, 2007

Do outro lado do oceano




Qual Dom Quixote, também tentou mais tarde, escrevendo, descrevê-la... mas os moinhos eram ainda e sempre moinhos.

Partilhou com um bom amigo e isso aliviou-lhe o fardo... Dizia alguém que a grandeza de carácter se pode medir pelos segredos que a pessoa leva consigo para outro mundo sem que deste lado ficasse rasto. Mas também, de facto, a sua história desse dia não era passível de ser contada, por mais eloquente que um cérebro fosse, por melhor que fosse a ligação entre o pensamento e a linguagem, era impossível. 99% perder-se-ia... Não era um facto de inteligível mas de emoção pura...

Naquela manhã tudo foi frustrante, diferente e original.

O comboio estava já na linha do horizonte e ele na gare... não queria acreditar... não ficou lá nem um minuto mais assim que concretamente compreendeu que nunca o conseguiria.

De coração aos saltos tentou num último esforço alcançar a segunda carruagem, sem sucesso. Já era tarde. Um minuto. Um só, sem metáfora, 60 segundos teriam bastado. Tivesse-lhe o tempo concedido isso e poupavam-se as gotas de sangue que lhes escorriam do coração.

Não, não o queria apanhar... tão só olhar o que estava para lá de determinada janela. Uma das da segunda carruagem. E corria. Tentando alcançá-la. Só podia ser assim. Havia-se cumprido todo um caminho de loucos até ali, faltava tão pouco... Nem que um sortilégio qualquer inesperadamente o fizesse conseguir.

Faltava menos de um minuto até que os carris começassem a puxar o comboio, não conhecia o caminho exacto para encontrar a plataforma certa mas uma pista era suficiente: 3. Encontrou-a sem engano mas era longe e o relógio teimava em não perdoar uma única batida. Muito mais rápido batia aquele coração... era algo sem sentido mas com um tremendo sentimento. Queria olhar. Só olhar. Nada mais que um beijo de olhares.

Minutos antes, dentro do carro fazia-o voar a pique em direcção à estação central porque queria chegar a tempo. Não sabia quanto tempo faltava, mas nunca ousou perder uma migalha apenas.

De súbito tomou uma decisão. Tinha de conseguir. Era como nas histórias, o final só poderia ser feliz ou chegaria a tempo e qualquer palavra seria desnecessária. Ou chegaria tarde e nada e ficaria a história de uma perda de tempo.

Sim. Vou já.

Parada?

Onde estás?

Olá.


Um pedaço, farrapo de tempo que tantos desperdiçam e o horizonte não engoliria aquela caravana de metal sem que na estação tivesse cumprido a sua missão.

Uma evidente e irónica forma metafórica de espelhar o que viria a acontecer depois?

A vida é assim! Uma maravilha de incertezas. Um universo de possibilidades que a cada segundo se determinam, ao mesmo tempo que outras tantas surgem na linha do horizonte... De nada nos vale prever o futuro, por muito que se sonhe somos feitos para viver. Não há saída. É viver. Estar vivo e querer estar.

Os melhores e os piores momentos da nossa existência, vistos ao longe não são sequer oscilações... apenas pontos de uma linha recta que nasce no céu e ao céu torna.

Podemos sim sorrir ao contemplar a nossa vida. Ficar feliz por ela e por nós. Agradecer a Deus a possibilidade, o Dom.

Mas há sempre vida depois. A vida não se perde. A morte nada é senão uma porta para onde tudo faz sentido.

Cada um de nós é uma séria esperança. Um não-acaso absoluto.

Nestes hojes, só consigo sorrir perante TUDO quanto a vida é.

Monday, July 16, 2007


Sinto-me fugir, a cada dia, de tudo o que faço.

Recordo com angústia o ontem que me sorriu.

Lamento o que era e já não sou.


Quero o passado com todos os que me rodeavam...


Anseio o futuro com todas as suas boas possibilidades.


Sinto falta de viver de outra forma,


e tendo o amanhã para isso, não abro mão de sonhar.


Hoje, hoje sinto-me muito triste...


Com uma paz de derrotado,


Com a certeza profunda de que sou um injustiçado,

por um qualquer tribunal que desconheço.


Sou totalmente responsável por mim,


talvez seja isso aquilo com que não sei lidar,


a condução de meu ser.


Preciso de ter algo diferente de mim


e que sirva para eu culpar de tudo


De tudo o que de triste se me manifesta no coração.


Queria ser outro, mas sou eu.


Assim sendo, estou triste.


Só que eu sonho


e ansiosamente espero por aquilo que ouso sonhar,


Este sou eu, hoje.


Eu,

Tuesday, July 10, 2007

sem título





Acredito que no final tudo acaba bem,

se não acabar é porque não chegou ao fim !