Tuesday, October 24, 2006

Filosofia Sensível


Eis a Filosofia Sensível:

Eu sou muito importante. Vivendo e pensando só consigo sentir-me a mim próprio. Sou importante porque estas mãos que agora escrevem neste papel são preciosas... para além de serem únicas e insubstituíveis obedecem-me na perfeição, são um óptimo meio que possuo. Como as minhas mãos, todo o meu corpo é, para mim, a minha casa, o meu lar. O proprietário, o eu, é, ou melhor, sou alguém que eu próprio desconheço. Cada dia que passa observo-o(-me) em busca de algo que dissipe o mistério que para mim sou.

O outro é importante. Há outros, como eu e a minha casa. Consigo gostar deles, e das suas casas. Procuro até um outro que me ame e que eu o consiga amar a ele também...Sonho envelhecer com ele numa só casa.

Deus é o mais importante. Ele sabe quem sou. Ama-me, apesar de me conhecer perfeitamente. O PAI-NOSSO criou-me e ficou dentro de mim, fez esta minha casa. Há quem não acredite em Deus mas, para esses eu juro que Ele existe, em mim e fora de mim. Tal como na aparência de um fio de telefone não se vislumbram os milhões de palavras que passam a cada segundo por ele...e palavras que têm milhões de sentimentos por detrás de si, também é preciso saber qualquer coisa, para conseguir encontrar o Pai-Nosso.

O pensamento anda virgem de relações sentimentais. Estou farto de filósofos, de Tales a Ricouer, são quase todos uma espécie de semideuses, que expulsam da Filosofia o coração que bate na lareira de nossas casas. Possuem vãs filosofias, são bonecos de barro sem sopro.

Em mim, a razão ama o sentimento, outros há cuja razão se chama Narciso. A Filosofia difere dos filósofos como a Música dos músicos.

A Filosofia é uma festa para todos, apesar de alguns insistirem em reclamá-la só para si.

Friday, October 06, 2006

Há Quem Sofra...



foi um telefonema a meio da tarde...

de muito muito longe,

de alguém que se lembrava de mim
apesar de tudo...

de uma gentileza absolutamente incomum...


talvez nunca como hoje tenha sentido isto.

Já o pensei, sem o ter sentido.


Hoje, por este nosso mundo
há quem prefira viver noutro,
sem dores
nem fome
nem tendo a morte como sua enfermeira.


Hoje compreendo que os heróis
são os que sofrendo,
sorriem…
e não os outros,
que sorriem por se terem furtado à dor.


Há mais herói na dor profunda.


O mais implacável dos meus inimigos
é a carne que me suporta.

E, há quem não escreva mas tenha muito para ensinar.
Que Deus dê força a todos estes fortes que,

hoje,

lutam contra a fraqueza do homem que são,
a sua corporeidade,

circunstância,

enfim, o ser de que são feitos.

Que hoje e sempre o Divino fortaleça os que neste mundo
não têm o mundo que merecem.


um grande abraço a quem nunca lerá isto que para si escrevi.