Monday, May 28, 2007

Filipe



Filipe Fernandes vivia numa boa vivenda, tinha mulher e dois filhos pequenos. Queria mudar de vida, recomeçar tudo de novo. Desejava ter coisas melhores, queria muito ser mais feliz.

Sentia a angústia de não poder decidir tudo novamente, mas restavam-lhe ainda forças para se revoltar e, Filipe ia emprega-las todas de uma só vez... Filipe iria procurar no futuro aquilo que no passado lhe tinha falhado.

Fez uma pequena mala com o essencial, despediu-se dos filhos com um beijo, enquanto dormiam, e bateu com a porta.

Pegou no carro e acelerou, acelerou muito. Sentia-se calmo e cheio de paz, mas inquieto com o que iria encontrar.

Filipe decidiu voltar atrás para retornar a casa. Não era definitivamente, mas apenas para explicar àquela com quem casara o porquê do seu adeus. Teve medo e duvidou, quer da verdade, quer da validade, do que ia fazer, mas já tinha feito inversão de marcha e pensou que apesar das hesitações... tinha que ser. Era o que estava certo.

Demorou ainda algumas horas até chegar à casa que o conhecia haviam já mais de 10 anos.

Tocou à porta e passados alguns minutos já estava sentado no sofá descrevendo o seu coração à esposa. Ela chorava...lágrimas de um sofrimento profundo cujo porquê era profundo. Eram gritos do coração e tinham a sua razão.

Filipe partiu depois de tudo ter dito.

Doze meses depois estava já bem instalado num quarto de um bom hotel de um país que sempre desejara conhecer. Tinha arranjado emprego facilmente devido à riqueza do seu currículo.

Conhecera muitas caras e pessoas, mas já sentia que era tempo de arriscar tudo, mesmo TUDO. Uma vida realmente nova.

Procurou então alguém disposto a partilhar consigo tudo o que se pode partilhar. Quase por coincidência viu-a no dia seguinte. Era uma mulher baixa, cabelo ruivo e muito bonita, alguns anos mais nova do que ele.

Duas horas (repartidas por três dias) depois de ter falado com ela, beijou-a. E que maravilhosa felicidade!

Quando chegou o tempo de morrer sentiu um não sei o quê de indiferença perante a vida. Fechou os olhos e com um murro na cama despediu-se deste mundo.

Mundo que ansiará sempre por saber se Filipe morreu feliz...

Mundo que quer, sempre e a todo o custo, encontrar Filipe e perguntar-lhe o que lhe disse Deus quando chegou perto d'Ele.



Sunday, May 20, 2007

mais uma amiga...

digo de mim para mim:

todos vão...

uns ficam, outros, na outra margem esperam... no lugar onde somos pesados de acordo com o peso dos nossos corações...

para os que, por enquanto, cá ficam...
é bom que pensemos que os que passaram para lá, fazem parte do nosso passado.

Que não se deve desperdiçar energias com o que não se pode controlar,

há que olhar em frente,

pensar com clareza...

a fim de que se possa sobreviver...

com qualidade...

poesia de vida a tua.
tragédia de vida a nossa.

ajuda-nos daí...

obrigado Sofia.