Monday, May 22, 2006

Ensaio de Epistemologia Teológica



A Convicção no Novo Testamento

Convicções

(a) Ámen. Palavra hebraica que significa assim é ou assim seja. Também pode traduzir-se por certamente, verdadeiramente ou com certeza. No Apocalipse é usada como título de Cristo.

(b) A fé é a certeza de se possuírem as coisas que se esperam e a garantia das coisas que se não vêem.
(Hb. 11. 1)

(c) Foi a respeito dele [reino dos céus] que o profeta Isaías falou, quando disse: Alguém grita no deserto: preparem o caminho do Senhor e abram-lhe estradas direitas.
(Mt. 3. 3)

(d) És tu aquele que há-de vir, ou devemos esperar outro? [João Baptista acerca de Jesus]
(Mt. 11. 3)

(e) Não pensem que eu vim para acabar com a lei de Moisés ou com o ensino dos profetas. Não foi para isso que eu vim, mas para lhes dar cumprimento.
(Mt. 5. 17)

(f) Mas Jesus respondeu-lhes: Ao pôr do sol vocês dizem: Vamos ter bom tempo, porque o céu está avermelhado! E de manhã cedo dizem: Hoje vamos ter mau tempo, porque o céu está carregado. Sabem prever o tempo pelo aspecto do céu e não são capazes de perceber os sinais de Deus nos tempos de hoje! Esta gente de má e infiel anda à procura dum sinal, mas o único sinal que lhes será dado é o do profeta Jonas.
(Mt. 16. 2 - 4)

(g) A seguir disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos. Estende a tua mão e mete-a no meu peito. Não sejas descrente! Acredita!. E Tomé respondeu: Meu Senhor e meu Deus! Jesus disse-lhe: Acreditas agora porque me viste? Felizes os que acreditarem sem terem visto.
(Jo. 20. 27 – 29)

(h) Os discípulos foram então pregar a Boa Nova por toda a parte. E o Senhor confirmava a pregação por meio de milagres.
(Mc.16. 20)

(i) Então Paulo pôs-se de pé diante da Assembleia do Areópago e disse: Atenienses, vejo que vocês são em tudo muito religiosos. Com efeito quando dei uma volta pela cidade e vi os vossos monumentos religiosos, reparei num altar que tinhas estas palavras escritas: Ao Deus desconhecido. Pois bem, esse Deus que vocês adoram sem o conhecer, é o Deus de que eu vos falo.
(At. 17. 22 – 23)

(j) Deixa a tua oferta diante do altar e vai primeiro fazer as pazes com o teu semelhante. Depois, volta e apresenta a tua oferta a Deus
(Mt. 5. 24)

(k) Portanto é pelas suas acções que hão-de conhecer os falsos profetas
(Mt. 7. 20)

(l) Portanto, meus irmãos, já estão avisados. Tenham cuidado! Não se deixem cair da posição firme em que se encontram, levados pelos enganos dessas pessoas más.
(II Pd. 3. 17)

(m) Quando Jesus ia a sair dali, viu um homem sentado no posto de cobrador de impostos. Chamava-se Mateus. Jesus disse-lhe: Vem comigo. Ele levantou-se e foi.
(Mt. 9. 9)

(n) Deste modo, em Caná da Galileia, Jesus realizou o seu primeiro milagre. Assim mostrou o seu poder divino e os discípulos acreditaram nele.
(Jo. 2. 11)

(o) Pedro então disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima da água. Jesus respondeu: Vem. Então Pedro desceu do barco e começou a caminhar por cima da água em direcção a Jesus. Mas, quando viu que o vento era muito forte, teve medo, começou a afundar-se e gritou: Salva-me, Senhor! Jesus estendeu logo a mão, segurou-o e disse-lhe: Homem de pouca fé, porque duvidas-te?
(Mt. 14. 28 - 31)

(p) Mas devem pedir com fé, sem duvidar. Aquele que duvida é como as ondas do mar, levadas pelo vento. Nem pense que há-de conseguir alguma coisa do Senhor, pois é um indeciso e pouco seguro em tudo o que faz.
(Tg. 1. 6 – 8)

(q) Jesus, porém, disse: Deixem as crianças vir ter comigo! Não as estorvem, porque o Reino de Deus é dos que são como elas.
(Mt. 19. 14)

(r) Depois de as tirar a todas do curral, vai à frente, e elas seguem-no porque conhecem a sua voz.
(Jo. 10. 4)

(s) Um dos criminosos crucificados insultava-o assim: Então não és o Messias? Salva-te a ti mesmo e a nós!. Mas o outro repreendia-o com estas palavras: Não tens temos a Deus, tu que estás a sofrer a mesma condenação? Nós estamos aqui a cumprir o justo castigo pelos actos que temos praticado, mas este não fez nada de mal. E disse: Jesus, lembra-te de mim quando chegares ao teu reino. Jesus respondeu-lhe: Podes ter a certeza que hoje mesmo estarás comigo no Paraíso.
(Lc. 23. 39 - 43)

(t) Pois nós fomos anunciar-lhes a Boa Nova não só com palavras, mas com a força do Espírito Santo e com profunda convicção.
(I Ts. 1. 5)


Implicações

I. Jesus cumpre a fé. (ultrapassando-a) Há uma pré-disposição do homem para Deus.

II. Jesus ao fazer milagres dá uma nova dimensão à fé. (preenche-o)

III. A obra é norma (decorre) da fé.

IV. Conhece-se a fé (convicção), não pelo tom de voz , mas pelas obras.

V. Nesta fé não deverá haver lugar a dúvidas. (não há meias-convicções)

VI. A ingenuidade (superação da racionalidade) da fé (afim de constituir a própria razão).

VII. A nova fé (convicção) não é a fé (no sentido de obra do Espírito Santo) é profundamente pessoal. Há um homem – Jesus – que se dirige a outro homem – eu. Já não um Deus de um povo. A minha adesão é pessoal.

VIII. Hab. 2. 4: O justo vive da fé (hebraico) / fidelidade (grego) / Convicção (epistémico)



Implicações últimas

A. Esta recomeçada fé é evidência. Dá-se tanto à inteligência como à vontade, que se dá ao homem todo e que a todo transforma, move, converte... porque convence)

B. Deus revela-se. A posição do sujeito é mais do que acreditar, é seguir.

C. Só pela convicção se avança, só ela faz avançar.

D. Em teoria teológica, primeiro a fé, a razão depois. Na prática, ambas se cruzam no (todo do) homem, pois há que caminhar / viver como ser íntegro.

E. Há sempre um conjunto de indícios que me fazem adivinhar uma coerência de um modelo. A convicção é essa implicação. Leva o homem a aderir pessoal e absolutamente (até ao seu mais íntimo), e a agir em função desse seu novo fundamento – desse seu novo modo de ser.

F. Ultrapassagem da divisão da razão em teórica e prática.

G. É pelas implicações que se julgam as definições.

H. Convicção pessoal como o pressuposto. Fundamento da acção, fundo dos julgamentos (da opinião ao rigor matemático)... Condição de racionalidade. Fundação do pensamento e, por isso, de toda a acção. A própria dúvida radica numa convicção.

I. Funda-mental (?)

J. Há uma adesão tal do sujeito à proposição, que a toma (se voluntariamente) como fundamento de si.

K. Há uma adequação do ser do homem à verdade.

L. Tudo no que sou decorre daquilo em que estou convicto. As convicções constituem-me. É em função das minhas convicções que se dá o meu ser / agir.

M. No fundo do ser do homem está a convicção.

N. A confiança que sinto em alguém. E em Jesus... é convicção.

Porque Jesus é, verdadeiramente Rei, principalmente dos humildes, a Boa Nova não é um tratado de lógica, ontologia, ou simplesmente, de filosofia. Ela é O fundamental.

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