Monday, October 08, 2007

A História de um Detalhe



Como devem saber sou cristão...

Ou melhor, tento sê-lo...

Melhor ainda: Gostava de o ser de facto.

Bem, o que importa aqui é que quero partilhar convosco a história de um detalhe.

Lembro-me de estar na Catequese e que a minha catequista nos leu e analisámos todos esta parábola. Recordo-me bem de lhe ter dito que eu não pensava da mesma maneira que todos os meus colegas e com ela, disse-lhe: "o próximo é o outro!"

Muitos anos mais tarde tive a honra de receber lições (assistir às aulas) do Padre Peter Stilwell, onde me dei conta de que na minha infância havia dito algo que ainda hoje estou por compreender, uma vez que o meu Professor de Cristologia colocou a questão de tal forma que fiquei absolutamente estupefacto...

Queiram ler a passagem a fim de que depois me explique melhor...

Parábola do bom samaritano

(Lc 10,29-34)


«Levantou-se, então, um doutor da Lei e perguntou-lhe, para o experimentar: “Mestre, que hei-de fazer para possuir a vida eterna?”

26Disse-lhe Jesus: “Que está escrito na Lei? Como lês?”

27O outro respondeu:

“Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.”

28Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem; faz isso e viverás.»

29Mas o doutor da Lei, querendo justificar a pergunta feita, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?”

30Tomando a palavra, Jesus respondeu:

«Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois de o despojarem e encherem de pancadas, o abandonaram, deixando-o meio morto.

31Por coincidência, descia por aquele caminho um sacerdote que, ao vê-lo, passou ao largo.

32Do mesmo modo, também um levita passou por aquele lugar e, ao vê-lo, passou adiante.

33Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão.

34Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele.

35No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo: ‘Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar.’

36Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?

37Respondeu: “O que usou de misericórdia para com ele.” Jesus retorquiu: “Vai e faz tu também o mesmo”.»


Aparentemente quem devemos amar são todos aquele que é desprezado pelos outros, esse é o nosso próximo.

MAS, na verdade, reparemos no versículo 36... a pergunta de Jesus é mais do que uma inocente questão pedagógica. É um ensinamento. Pois conduz o seu interlocutor (e todos nós) para a realidade inversa. Qual dos 3 foi o próximo? (o tal que devemos amar) e é só entre estes 3!

Jesus tira das hipóteses de resposta o homem que caiu nas mãos dos salteadores...

Será que devemos amar quem nos amou em 1º lugar... retribuir os dons recebidos... não sei. Será Deus o nosso Samaritano... quando era criança parece que entendi isto muito bem... hoje não.

É que no versículo seguinte há algo que até hoje não compreendo: Parece-me que o doutor da Lei responde que é o homem que foi socorrido... e Parece-me que Jesus concorda com ele.

E tal como Jesus, também o Professor Stilwell não me ajudou a concluir... concordou com a 1ª parte (v.36) mas não me deu pistas em relação à segunda (v.37).

Estranho, muito estranho...

Recebo diariamente as leituras do dia via email (se quiserem é aqui) , e o evangelho de hoje era este...

5 comments:

meldevespas said...

Se calhar porque o que Jesus quer, é que encontremos primeiro dentro de nós, o nosso próximo, e depois então possamos dar o passo de olhar esse próximo, quer ele seja, o que nos dá a mão, ou o que nos vira as costas, ou o que nos apoia, ou o que não nos ouve.
É uma disposição que tem que vir de dentro de nós...
Os caminhos do Senhor são efectivamente doces, sim....mas tortuosos.

Anonymous said...
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Anonymous said...

Se n�o conseguires amar o teu pr�ximo, faz ao menos com que ele se sinta t�o bem quanto tu!
�nimo e aquele abra�o.

T�

Anonymous said...

Parece-me atenta a observação pueril que diz ser o OUTRO.Quem é o "outro"? Não será com quem te escolhes relacionar? (até porque os demais até então não passam de uma existência ficticia, mas apartir do momento que entram na esfera da relação passam a ser o outro) ou passamos ao lado escolhendo segundo critérios no minimo convenientes as relações que queremos?
Assim sendo parece obvio que o outro foi quem estendeu a ponte da relação enquanto que o homem socorrido está simplesmente à espera de ser relacionado.
Estender a relação ao outro é poder partilhar do seu sofrimento, levar com ele a sua CRUZ e mutuamente aliviarem-se, ajudando-se no que for preciso.
acho que é isso que significa ser próximo por oposição a distante.

PAX

Anonymous said...

Não sou católico como tu, mas sempre achei que o próximo, é o próximo, o semelhante, o idêntico a ti ...
Numa primeira ideia, será todo e qualquer ser humano, quer passe ao largo, quer pare para te ajudar
Numa segunda reflexão, será todo o ser que possúi a centelha divina. Será?