11 de Julho de 1993 - concerto dos Depeche Mode em Alvalade. Fomos! afinal tinhamo-lo ansiado há já vários anos. Era o nosso grupo de eleição, lembro que escutávamos músicas vezes sem conta até ser capaz de decorar as letras, e a forma quase religiosa como víamos os videos num qualquer canal televisivo, e sem internet, coleccionávamos montanhas de pequenos factos...
o concerto é inolvidável, sê-lo-ia da mesma forma ainda que o Miguel não tivesse morrido num dia 9 de Dezembro de um dos anos seguintes, o conjunto de pequenos "clips" do concerto que retenho na memória são uma experiência conjunta de ter estado no centro do mundo ao som de depeche mode.
depois, sempre que sairam álbuns ou dvd's comprei-os com a sensação que a minha admiração pelos Depeche era, para além de uma estima pessoal, uma forma de expressar a minha admiração e saudade do meu amigo. ouvi-os vezes sem conta até, literalmente, me fartar... e depois bastava um qualquer pretexto para os ouvir novamente, agora calama e mais serenamente!
para o próximo dia 8 de fevereiro reservo um respeito bonito por ter encontro marcado com o Miguel. No pavilhão atlântico não estarei só, estou tão certo de que ele vai estar comigo que julgo que terei uma noite de suave e delicioso passar do tempo donde se pode saborear cada momento.
Desde a morte do Miguel, muitas foram as vezes em que um turbilhão de pensamentos me foi interrompido porque o rádio soltava uma música dos Depeche detendo-me numa ideia que a partir desse momento era assumida como a correcta. lembro de estar à espera de um teste de gravidez e de o "enjoy the silence" (recordam a letra?) ecoar a partir das colunas do carro e de como a desnecessidade de ir buscar o resultado se deixou surpreender por uma ideia bem mais pragmática: agora veremos se é ou não é tudo uma efabulação da tua cabeça!... e claro que fui buscar o resultado e claro que havia bebé...
Ao miguel devo grande parte do meu sucesso profissional, pois sempre me fez pensar bem claro e determinado a respeito dos estudos - Tens que ir longe, onde os outros não sabem ir... - e depois da sua morte acabei por andar uns bons anos em torno da questão da morte, donde ainda não se vislumbrava que haveria ainda de me tornar num expert, em alguém que os outros até ouvem e de quem recolhem exemplo, como se estivesse mais perto da verdade... em qualquer sítio onde os outros não sabem ou não querem ir...
enquanto escrevo estas linhas sinto-me estranha e vertiginosamente o José Luís que sou, uma espécie de banho de autenticidade me inunda, revelando-me um Eu que afinal sempre sou, até cheguei a ter vontade de dizer olá a mim mesmo!
não sei, sinceramente, onde está o miguel sem ser no meu coração, mas certo é que, aqui, está de certeza...
no dia em que soube da notícia da sua morte tinha trazido uma prenda para lhe dar para fazer umas pazes depois de um afastamento qualquer... dois dias antes tinha-lhe emprestado um CD raríssimo que depressa o miguel passou a cassete para poder ouvir no carro e que na altura da tragédia estava a tocar... "enjoy the silence"...
muitas coisas, belas e não, desde então passei de forma um pouco mais solitária.
Paciência, pois se a vida é assim também estou seguro que não é só assim.
tenho, claro mais amigos e mais músicas e grupos que me deleitam... mas no dia em que o meu velório se realizar lá se escutarão duas canções: "enjoy the silence" - D.M. e o "sailing" - Rod Stewart.
um abc forte a cada um dos meu amigos e
um bj terno a cada uma mas minhas amigas.
permitam-me um tributo ao meu amigo Miguel em forma de desafio:
E tu? que música gostarias que acompanhasse o velório ao teu corpo?
o concerto é inolvidável, sê-lo-ia da mesma forma ainda que o Miguel não tivesse morrido num dia 9 de Dezembro de um dos anos seguintes, o conjunto de pequenos "clips" do concerto que retenho na memória são uma experiência conjunta de ter estado no centro do mundo ao som de depeche mode.
depois, sempre que sairam álbuns ou dvd's comprei-os com a sensação que a minha admiração pelos Depeche era, para além de uma estima pessoal, uma forma de expressar a minha admiração e saudade do meu amigo. ouvi-os vezes sem conta até, literalmente, me fartar... e depois bastava um qualquer pretexto para os ouvir novamente, agora calama e mais serenamente!
para o próximo dia 8 de fevereiro reservo um respeito bonito por ter encontro marcado com o Miguel. No pavilhão atlântico não estarei só, estou tão certo de que ele vai estar comigo que julgo que terei uma noite de suave e delicioso passar do tempo donde se pode saborear cada momento.
Desde a morte do Miguel, muitas foram as vezes em que um turbilhão de pensamentos me foi interrompido porque o rádio soltava uma música dos Depeche detendo-me numa ideia que a partir desse momento era assumida como a correcta. lembro de estar à espera de um teste de gravidez e de o "enjoy the silence" (recordam a letra?) ecoar a partir das colunas do carro e de como a desnecessidade de ir buscar o resultado se deixou surpreender por uma ideia bem mais pragmática: agora veremos se é ou não é tudo uma efabulação da tua cabeça!... e claro que fui buscar o resultado e claro que havia bebé...
Ao miguel devo grande parte do meu sucesso profissional, pois sempre me fez pensar bem claro e determinado a respeito dos estudos - Tens que ir longe, onde os outros não sabem ir... - e depois da sua morte acabei por andar uns bons anos em torno da questão da morte, donde ainda não se vislumbrava que haveria ainda de me tornar num expert, em alguém que os outros até ouvem e de quem recolhem exemplo, como se estivesse mais perto da verdade... em qualquer sítio onde os outros não sabem ou não querem ir...
enquanto escrevo estas linhas sinto-me estranha e vertiginosamente o José Luís que sou, uma espécie de banho de autenticidade me inunda, revelando-me um Eu que afinal sempre sou, até cheguei a ter vontade de dizer olá a mim mesmo!
não sei, sinceramente, onde está o miguel sem ser no meu coração, mas certo é que, aqui, está de certeza...
no dia em que soube da notícia da sua morte tinha trazido uma prenda para lhe dar para fazer umas pazes depois de um afastamento qualquer... dois dias antes tinha-lhe emprestado um CD raríssimo que depressa o miguel passou a cassete para poder ouvir no carro e que na altura da tragédia estava a tocar... "enjoy the silence"...
muitas coisas, belas e não, desde então passei de forma um pouco mais solitária.
Paciência, pois se a vida é assim também estou seguro que não é só assim.
tenho, claro mais amigos e mais músicas e grupos que me deleitam... mas no dia em que o meu velório se realizar lá se escutarão duas canções: "enjoy the silence" - D.M. e o "sailing" - Rod Stewart.
um abc forte a cada um dos meu amigos e
um bj terno a cada uma mas minhas amigas.
permitam-me um tributo ao meu amigo Miguel em forma de desafio:
E tu? que música gostarias que acompanhasse o velório ao teu corpo?
12 comments:
Um abraço forte e deixa-me dizer que não necessitas de comprar 2 bilhetes.
O Miguel vai lá estar desde o inicio para te contar como correram os ensaios.
Neste desafio, fizeste-me pensar.
Se estiveres por cá e souberes que eu já fui, pede para colocarem Doors no meu velório. Quando colocarem o people are strange e o roadhouse Blues, saberás que estou a sorrir...
Bom espectáculo para vocês os 2!!
Este é sem dúvida o seu melhor post de sempre, talvez por ser o mais sincero, o mais desprovido de máscaras!
Em relação ao desafio! Bolas, as vezes que penso no meu velório assutam-me!As vezes que penso na morte são mais constantes do que gostaria! As minhas músicas: October dos U2 e Adiós muchachos do Carlos Gardel!
Beijinho grande
(é bom sentir de vez em quando que não deixou totalmente de ser o José Luís que em tempos conhecemos e adoramos)
...Lindo... Transparente, desarmante, escuro e maravilhosamente claro ao mesmo tempo...
...Obrigada, Miguel, estejas tu onde estiveres, por teres feito parte integrante da formação deste ser maravilhoso que é o Zé Luís...
...Tenho a certeza que vocês vão adorar o concerto...
...Quanto à música, gostava de ouvir um "Fim de Dia" da Mafalda Veiga... e ver muito branco... muita paz... e pouco preto escuro e triste... porque quem parte deve deixar sorrisos... abertos e sinceros por tudo aquilo que deixou em nós...
...Um beijo cheio de saudades!...
Que lindo, gostei muito mesmo.
Beijos
Lembro-me de uma vez ter escrito um texto para si e de lho entregar no início de uma aula de Filosofia. Foi durante essa aula que nos disse que naquele dia faziam alguns anos que o Miguel, o seu melhor amigo, tinha morrido. Eu não sabia. (Como podia saber?) Mas no fim da aula, e lembro-me como se fosse hoje, fui ter consigo e pedi-lhe desculpa. O stor não entendeu à primeira porquê, mas quando leu o texto compreendeu - o título era "Miguel".
Se há acasos, coincidências, ou se o destino realmente existe, não sei. Nem sei se acredito na vida depois da morte (muitas vezes nem antes da morte ela existe). Mas acredito que há qualquer coisa para além do que se vê que nos sabe fazer felizes e nos dá certezas (poucas, mas certas). Há qualquer coisa que às vezes nos desafia, nos inquieta e nos faz pensar se não andamos aqui só à espera da morte. Mas ao questionar, aprendi que o negativo puxa o positivo. E é por isso que o mundo - a VIDA - no fundo, é tão bonito!
No meu funeral, se ainda houver quem se lembre, gostava que se ouvisse "What a Wonderful World", de Louis Armstrong.
PS - Não tenho a mínima dúvida de que o Miguel estará no concerto. Ao seu lado.
So para partilhar que liguei ao JLnm às 21:37 do dia 08 Fev 2006.
Estavam os dois no concerto
:-)
What a wonderful world...
por vezes (não, ñ é sempre), há coisas que escreve que eu fico mesmo tocada. esta é uma delas.
tenho a certeza que ele vive, ao som dos depeche mas além disso. e que esteve consigo esta semana qdo o seu grupo de eleição voltou (como foi?).
de entre tanto do que disse e que prefiro ñ dissecar (nada acrescentaria), ficaram-me estas frases:
tens que ir longe, onde os outros não sabem ir... , talvez pq me tenha ensinado algo de semelhante, por mto que eu, tnt vez, me sinta afundar.
no meu funeral quero que toquem aimee mann. talvez até o take my away que o david fonseca escreveu nos silence 4 (talvez a minha música mais pessoal).
mas mais do que tudo, quero que oiçam a voz imortal do jeff buckley a cantar Hallelujah.
quando eu morrer continuo a querer que vá lá dizer o que tiver de dizer. pq sei que diria algo com conteúdo. um dia...
Vivemos, de facto, nos corações dos outros, amigos e familia.
um abraço amigo ZL. também tu tens um espaço no meu.
A morte é também vida. No meu Velório gostaria que houvesse música sim. mas musicas diferentes marcaram, seria incapaz de escolher apenas uma. (ps- a mais escolhida - e bem - para serviços funebres no reino unido nos ultimos anos foi o Frank Sinatra "My Way". Se ouvirem a letra com atenção é de arrepiar)O que queria era ouvir os risos das pessoas e não os "carpires". celebrar a memória de uma vida preenchida com alegria. Que assim possa ser.
em relação ao post esta magnifico e incrivel como nao nos esquece.mos do que e verdadeiramente bom mas acima de tudo saber que mesmo longe as pessoas de quem gosta.mos continuam a olhar por nos como me disseram aqui a tempos nao pode.mos encarar a morte como uma perca mas como um ganho , ganha.mos mais uma pessoa a olhar por nos a levar.nos ao colo nos momentos mais dificeis e a rir.se do nosso lado nos momentos alegres....em relacao ao desafio gostava que tocasse Xutos & Pontapes - da um mergulho
esta e daquelas musicas que me poe de pe todas as manhas para encarar mais um dia igual aos outros!
abraços Joao Borges
p.s: muito bom mesmo o post
Curioso como os depeche mode e o miguel, tiveram (têm) uma importância tão grande nas nossas vidas......
......e pensando em influência, de certeza que onde quer que o Miguel esteja (além do meu e do teu coração), existe uma música que nem sequer é dos DM, mas que estava sempre no ouvido do Miguel....Route 66....
Abraço grande do teu amigo que tb tem muitas saudades tuas........e te tem no coração.
Amigo Zé Luís como tu deves compreender foi a mensagem mais sincera,comovente(não consigo encontrar uma palavra que exprima realmente aquilo que sinto) para nunca nos esquecermos da excelente pessoa que foi o nosso querido MIGUEL VIVAS.
Pois, como sabes, só agora soube desta história.
Para além da belíssima homenagem que prestas ao teu amigo, o que retive de extraordinário nesta história é o facto de tu guardares as memórias mais fortes dessa amizade no local mais precioso de todos: o teu coração.
Claro que já sabes que a minha música preferida é, também, o "Enjoy teh Silence" dos DM, mas isso é apenas mais uma coincidência, das muitas que preenchem a nossa vida. A vida de todos.
Abraço!
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