Saturday, April 17, 2010

Do eu


Nos tempos “livres” leio Filosofia, leio filosofias, faço-o com gosto. Textos de referência que ainda não tinha lido e novas obras... tento acrescentar algo ao que sei, ora com textos antigos ora mais moda-rnos...

A Filosofia é um caminho em espiral em busca dos contornos. Aproximação sucessiva, prudente e sólida que visa uma melhoria constante da capacidade de ser. Até ao ser autêntico. Ao Ser.

Está a Filosofia cada vez mais analítica. Hoje há uma grande corrente de gente que segue as linhas de Wittgenstein e B. Russel... onde perseguem um ideal de objectividade para a Filosofia ao nível das Engenharias.

Prefiro textos que me falem dos problemas que me tocam. Afinal, a diferença da Filosofia em relação aos outros saberes é a sua capacidade de falar ao e do eu (sim, por vezes dói). Efectivamente, alguém mo disse, a Filosofia ajudar-te-á na tua vida concreta. A tua vida será melhor – prometeu-me.

A Filosofia será pois a raiz e o fruto de todos os saberes, desde os dos zeros e uns aos dos espíritos religiosos. É o lugar onde se devem procurar causas primeiras e efeitos últimos. Não se deve ocupar do que é, mas sim do que deve ser. Um misto de sonho sério e arquitectura íntima.

Mas há já muito poucos que estão à altura da herança filosófica milenar. Podem dividir-se os seus trabalhos entre manuais de linguagem de vanguardista programação informática aplicada ao pensamento e alguns, muito menos – mas igualmente perigosíssimos, livros de, assim se convencionou chamar-lhes (até me custa a escrever:) “auto-ajuda”. Confesso que experimentei ler um e me bastou. Festival de banalidades, como se se pegasse numa herdada peça de ouro e a derretessem para colorar milhares de peças de pechisbeque.

Sempre preferi linhas de pensamento mais verdadeiro por mais íntimo e subjectivo, numa ideia simples: no fundo, somos todos iguais – a mais profunda subjectividade é um caminho objectivo para A Verdade.

Tenho preferido escritores, criadores que contam as suas histórias, que serão sempre e só auto-biográficas... porque me parece que escrever é descrever-se... e por aí se caminha para mais perto do essencial... e ao abrigo de escorregadelas para os escaparates dos hipermercados.

De vez em quando gosto de me (d)escrever.

2 comments:

Bruno Wilson said...

Bruno Almeida gosta disto.

lisa de Oliveira said...

... parece simples, mas não! (D)escrevermo-nos verdadeiramente implica sermos capazes de encontrar, para começar, as nossas páginas em branco, o que já não é tarefa fácil, e depois sermos capazes de tocar o lugar de onde nos brotam as palavras, e identificar a intenção, esculpir a intenção, o que é quase o mesmo que morrer para (re)nascer, e tudo isto sem cair na armadilha da petulância e sem perder a graça!