
Existem muitos lugares sagrados. Uns mais acessíveis do que outros. Vivê-los é estar neles de alma e coração. Lugares onde não é necessariamente verdade que haja um momento de uma qualquer espécie de iluminação, muitas vezes o momento é de tristeza, uma queda na realidade, um serviço que o lugar nos presta por nos colocar exactamente no nosso lugar, sem mentiras, máscaras nem demais artifícios da arte da fuga que cada vez é mais cultivada.
Ir hoje a uma igreja é sinónimo de lá encontramos quem somos, ao mesmo tempo que estar diante de Alguém que nos conhece bem... Aquele que conhece todos os nossos caminhos...
Muitas são as vezes que prefiro não ir lá. Como se a vida não vivida, a mentira em que me enrolo, fosse mais valiosa que a verdadeira realidade... que pena não ter a força de quem sabe não se deixar enganar a si mesmo.
Um lugar sagrado é antes de tudo um sítio em que assumimos quem somos, no conjunto de todas as dimensões que a compõem. Em dias como os de hoje, sinto que Deus – qualquer que seja a forma como O concebamos, nos solicita a presença mais por nós, por aquilo que conseguiremos ganhar, do que por Ele.
Uma última palavra para a tristeza, que tantas vezes exalto: é um estado de alma mais denso e puro do que suspeitamos. É mais real. Fugir dele será fugir do duro caminho que nos fará caminhar felizes.