Sunday, September 02, 2007

A eternidade num segundo só.


Faz o bem
É o que buscam os homens bons.
Procura no mundo apenas dores para sarar.
Onde há uma dor, aí vai haver remédio.
Onde há pobreza, aí vai a ajuda.

Nunca busques água;
Mostra apenas que está sedento,
E a água jorrará em teu redor.


Era uma vez há já uma eternidade de tempo:

Estava de lá a voltar, quando me apercebi que havia conhecido o Coração do Mundo Mais Fundo.

Podia o mundo do quotidiano teimar em não querer que lá fosse. A própria racionalidade não encontrava um argumento só a favor de um “tal disparate”... mas o coração reclamava para que fosse... e deixei-me ir...

E quando as distâncias se estreitaram e os longes se tornaram íntimos, foi altura de mistérios e suspeitas darem lugar a tremendas certezas e dúvidas mais fundas.

Nessa altura, contemplei o silêncio e pude escutar a beleza das formas. Brilhos no pormenor, tons que se entregavam em suaves modulações de cor. Fechei-me ainda mais dentro de mim... deixando para traz tudo o que tenho por comum ser eu.

Como se se tratasse de seguir em sentido contrário à corrente do meu ser para lhe buscar a nascente... segui em devota peregrinação rumo ao mais íntimo da minha intimidade, onde, para lá do infinito caos que blinda o acesso à pura fonte, encontrei. Encontrei-me. Um outro eu... um tu.

Cruzámos palavras, trocámos olhares, retribuímos expressões e desvelámo-nos mutuamente. E eis que finalmente os braços, fartos de se abraçarem a si mesmos, encontraram outros braços para abraçar.

Revolvemo-nos, envolvemo-nos, e permitimo-nos ir de um ao outro... num regime de quase insana generosidade. Acto simultaneamente heróico e cobarde esse de se dar por inteiro. Depuração do desprendimento.

Encontro de um no outro, fazendo brotar todo um mar de vida e amor o que ultrapassa as partes que o compõem... implosão do infinito no finito.

Tranquilo, senti que havia mais sentido em toda a minha vida do que aquele que alguma vez poderei entender... mas vislumbrei um caminho a fazer e a percorrer, por onde só anda quem confia por inteiro na sabedoria que afirma que as dores são o preço do que lhe sucede.

Existem momentos em que um simples pedaço de tempo nos oferece toda uma ampla compreensão de nós próprios, do mundo que nos rodeia e do futuro pelo qual devemos lutar...

Estava de lá a voltar, quando me apercebi que havia conhecido o Coração do Mundo Mais Fundo.

Teu amor chegou e partiu feliz.

Depois retornou, envolveu-se mas preparava-se para se retirar novamente.

Timidamente te pedi: “Permanece dois ou três dias!”

Então, sentaste-te junto a mim e... esqueceste-te de partir.



1 comment:

meldevespas said...

Lindo....intímo e lindo!