Thursday, October 06, 2005

Uma questão da "Felicidade"

Dizem os budistas que se se trata de concretizar objectivos, então, mais do que a luta empreendida para os alcançar, há que diminuí-los ao ponto mínimo... assim, tudo seria razão de felicidade.

Há, no nosso mundo, um apelo constante e quase tão profundo quanto o nosso ser ao consumir... sementes de desejos daninhos que crescem e se alimentam da nossa pré-fabricada frustração por não os satisfazer... Já escrevia Platão que sendo a nossa alma semelhante ao líquído de um tonel, os desejos seriam furos que auto-infligiríamos a esse recipiente... todo o trabalho para a edificação e crescimento da alma de nada valeria pois, pouco tempo volvido, acabaríamos esvaziados de nós próprios... deixando a nossa alma na mão dos semeadores de sonhos materialistas.

É-me difícil lidar com os meus apetites. São tantas as vezes que "quero" comprar e ter, que pouco me aplico na construção do ser... e tendo consciência de onde está o que intimamente viso, ou não tivesse já cheirado a felicidade, pior me encontro quando sigo por caminhos opostos ao daquele que me levará ao eu feliz... ao daquilo que DEVIA ser.

Farei um esforço por anular, na medida do possível, essas sementes que alguém em mim plantou e que teimo em alimentar.

Não imagino pior que chegar a velho e ver a nossa vida como um enorme falhanço... e gritar como um dos personagens de Raul Brandão:
Estou gasto e velho, porque, sem - ó desgraça - ter vivido, tudo vivi.
(tudo vivi: consumi o tempo todo; sem ter
vivido: sem ter conseguido viver em profundidade, em significado existencial)

4 comments:

Anonymous said...

novo blog. a mesma pessoa. palavras tão semelhantes às que eu e uns tantos ouviram vezes e vezes. certamente a maioria ñ esquece o homem. eu, talvez por ser eu, talvez por ser do contra, prefiro lembrar as palavras. surgem em conversas ou em reflexões mais recatadas. surgem qdo me sinto cansada ou me sinto em pleno.
acho que tenho medo de não viver. não viver nem sequer consumindo o tempo. mas ñ quero q assim seja. às x's ñ basta querer nem acreditar. é preciso agir. talvez seja isso o que mais custa. agir. mudar. ser o que queríamos ser pq sabemos q esse "querer" é mais do âmbito do ser em pleno do que de um capricho momentâneo...

voltarei.

www.rainhadovazio.blogspot.com
www.playthatmovieagain.blogspot.com

Anonymous said...

...Já tinha saudades de "o" ler... Não que já consiga admirar o cipreste...ou admirar as susa virtudes... mas, quem sabe, ainda não me vai conseguir explicar isso melhor, AZAD...
...Já quanto a Raul Brandão é outra história... as suas virtudes estão na sua escrita, e pouco mais que isso será preciso para se gostar!...
...Benvindo de volta ao mundo dos blogs, desta nossa escrita que é também dos outros, que a consomem numa sofreguidão estranha de beber aquilo que não lhes pertence e que é seu ao mesmo tempo...
...Sentimos a sua falta...
Beijinho

Anonymous said...

Pois eu saudades não poderia ter, uma vez que estou a visitar o blog pela 1ª vez, gostei e muito, vou continuar a visitar.
E afinal o que é viver?

Anonymous said...

Felicidade...palavra solta no riso de uma criança...
Felicidade...busca constante...
Felicidade...existe???? Onde está???Como se vai para lá???? Estará realmente associada ao consumo??? Não..., não quero acreditar que assim seja (apesar de ser isso que observo em meu redor). Quero acreditar que a felicidade está dentro de mim... calma e serena à espera que eu lá chegue...mas não a consigo alcançar...tenho preocupações demais que me turvam a mente e não me deixam ver o óbvio...Serão tais preocupações realmente importantes? Provalvelmente não...mas onde está a força para as ultrapassar?
Quero ser FELIZ...não quero viver sem ter vivido...