Thursday, December 14, 2006

Vasco Valente Cabral



Vasco era casado, estava doente e já era idoso há muito tempo. Eram pessoas humildes, mas a sua mulher estava sempre junto dele.

Houve um dia em que Vasco se sentiu muito pior, a sua mulher foi a correr à sua vizinha para que pelo telefone o médico fosse chamado... e lá veio...

Depois de fazer o seu diagnóstico o médico chamou D. Teresa e disse-lhe:

"- Dona Teresa, o senhor Vasco Valente está muito mal e não sei por quanto tempo vai ele aguentar... Desculpe-me esta dureza de palavras, mas a verdade é, por vezes, tremendamente áspera."


O médico saiu e ela chorou uma lágrima no caminho até ao quarto, antes de entrar limpou-a e, sorrindo, perguntou a Vasco se ele precisava de alguma coisa,

- Sim, ajuda-me a vestir o fato.


Era o seu único fato, o fato do casamento, o fato da missa, ... o fato da dignidade exterior.

Teresa, solicitamente, acedeu sem hesitar... com uma dor no coração vestiu-o a Vasco que, apesar das dores que o atormentavam, não se queixou nem com um só som de agonia.

Já com o fato completo vestido – colete e gravata incluídos - Vasco pediu-lhe para que Teresa o levasse à rua... ...mais uma vez respeitou e cumpriu o pedido do seu marido.

Era noite de lua nova e estava muito escuro... Vasco estava de pé, encostado a uma árvore e abraçou calmamente Teresa e murmurou-lhe:

"- Teresinha, foste uma companheira maravilhosa, quero muito agradecer-te do fundo do meu coração tudo o que por mim fizeste, mas agora... é tempo para um último pedido: entra em casa e reza por mim que vou morrer...

- Mas Vasco...

- Não faças mais nada... entra em casa e sem chorares pede a Deus que me aceite... que aceite o teu marido... vai e reza!!!"


Sem mais palavras nem trocas de olhares, ela entrou e cumpriu o que Vasco lhe pedira.

Ele desencostou-se da árvore e começou a caminhar... devagar, torto mas decidido... Lá ia, Vasco Valente com o seu fato, o único, o digno... continuou a caminhar até que sentiu que morreria dentro de poucos segundos... ergueu então os braços e, olhando o céu por entre as estrelas, exclamou:

- Meu Deus... leva-me daqui... peço-Te... bem vês que já estou contente só de Te saber a ouvires-me. Eu e a minha amada esposa precisamos de Ti agora... Vê a minha vida e saberás que nunca como hoje de Ti precisei... Mas para quê é que estou aqui a dizer estas coisas se Tu tudo sabes?... ...Leva-me Senhor...


Passaram alguns minutos e Vasco Valente Cabral foi levado... Em casa, Teresa, nesse momento, sentiu vontade de sorrir e sorriu...

Anos depois Vasco recebeu e aconchegou a sua Teresa com um abraço tão forte que o próprio Deus sentiu vontade de sorrir e sorriu... Enquanto, os que aqui, choravam a partida de Teresa... sentiram a verdade da saudade: ser apenas o amor requintado de quem espera, na certeza de que nem a própria morte separa quem gosta de se abraçar.







Enquanto escrevi isto, por vezes senti vontade de sorrir e... sorri!









9 comments:

Chimoio said...

"Já com o fato completo vestido – colete e gravata incluídos - Vasco pediu-lhe para que Teresa o leva-se à rua... ...mais uma vez respeitou e cumpriu o pedido do seu marido."
levasse, professor... levasse, e eu é q sou o dislexico...francamente...e o seu nome sabe escrever??? também erramos...! E os outros, eu neste caso, (felizmente) estão cá para nos corrigir

Anonymous said...

"Mas para quê é estou aqui a dizer estas coisas se Tu tudo sabes?... ...Leva-me Senhor..." e há mais erros, Fu, ou ignorancia da minha parte, sei lá!

Professor já não é, amigo para sempre!

Bom Natal!

Chimoio said...

Eu gostei do texto Veiga! Não gozes... e mesmo coisa a ines... Tem mão de/do Jesus! Abracinho!

JLnm said...

erros corrigidos...


Aliquando bonus dormitat et Homerus.

Literal: Até o bom Homero às vezes cochila;

Ensinamento: Até o sábio se engana!!! (ah... mas nunca no próprio nome!)

Anonymous said...

"Enquanto escrevi isto, por vezes senti vontade de sorrir e... sorri!"

Enquanto li isto, senti vontade de chorar e... chorei...

Chimoio said...

resposta:
"Que há num nome? Aquilo que chamamos rosa
com qualquer outro nome seria igualmente doce"
(William Shakespeare, Romeu e Julieta)

Anonymous said...

..||..
.\__/.


xD (achei apropriado... ignorar os pontinhos sff. xp)

Ao ler estes comentários nunca pensei que desse tantos erros a escrever... Vergonha ;)

Anonymous said...

Pois ignorando todos os erros, mais um texto bastante sentimental que me dá vontade de combater o que me trava!

Anonymous said...

� camarada z� n�o hava nexexidade zzzzzzzzzzzz!